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sexta-feira, 13 de maio de 2011

13 de maio para que?

"Eram treze de maio, liberdade de um cativeiro, liberdade de um pelourinho, mais liberdade de mim? Estou livre das marcas que me ancoram ao meu passado?”

(Chico Nascimento, IN BUZÚ: O ponto que informa).

Decidi começar este texto com esta intervenção artística porque acredito que a arte transforma e edifica e, para exprimir meu sentimento de revolta com a abolição da escravatura.

No dia 13 de maio de 1888, Isabel (acho que não faz jus usar o título de princesa), assinou a Lei Áurea, mas, não possibilitou nenhuma política afirmativa para os escravos e seus descendentes. Diante dessa ineficácia do Estado, nós (negros) ficamos a mercê de uma sociedade racista e excludente.

Criaram o discurso da “democracia racial”, o que de fato não passa de um mito. Quem é negro sofre na pele as conseqüências do racismo institucionalizado que impera em nosso país. Institucionalizado?sim, pois a aversão aos negros ganhou respaldo legal da ciência, da religião, da história, do Estado e, por seguinte da cultura. Talvez estes sejam os reais motivos que reforçam a idéia de que o negro é inferior, feio, incapaz, incompetente e todos outros adjetivos(ou seriam defeitos) que nos atribuem.

Não posso deixar de citar as revoltas que possibilitam a libertação deste povo.

“Zumbi, oh lindo, lindo, Zumbi. Oh lindo, lindo”.

Não quero 13 de maio, acredito na força do 20 de novembro. Não acenderei vela para Isabel, vou lembrar a memória de Zumbi: Líder negro assassinado por lutar por direitos humanos.

Quem é que sobe a ladeira do curuzú? Eu sou negão, meu coração é a liberdade. Que bloco é esse? Eh! Pérola negra, este som que quero ouvir ecoar pelos quatro cantos do mundo (ou por todos, caso sejam mais de quatro cantos).

Steve Biko, Nzinga, Luther King, Dandara, eu (Reinaldo Oliveira), vocês (negr@s), quem luta para conseguir com a própria força de trabalho sobreviver nesta sociedade racista, estes sim são os heróis de nossa história. Abaixo a Isabel, viva a Zumbi.

Um comentário:

  1. É isso mesmo Reinaldo. Vale ressaltar que a abolição do regime escravocata não foi apenas o ato "gentil" da Princesa Isabel. A abolição foi resultado e fruto das diversas mobilizações e lutas de centenas de negros escravizados, como Manuel Faustino, João de Deus e Luis das Virgens que enfrentavam com resistência o regime. A assinatura da abolição foi mais uma ação impetrada pelos racistas para mais uma vez trazer a ideia do branco como libertador. Como já dizia Semog: Liberdade se toma
    Não se recebe
    Dignidade se adquire
    Não se concede.
    VIva Zumbi, Dandara, Viva a população e juventude negra.

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