"Eram treze de maio,
liberdade de um cativeiro, liberdade de um pelourinho, mais liberdade de mim?
Estou livre das marcas que me ancoram ao meu passado?”
(Chico Nascimento, IN
BUZÚ: O ponto que informa).
Decidi começar este texto com esta intervenção artística porque acredito que a
arte transforma e edifica e, para exprimir meu sentimento de revolta com a
abolição da escravatura.
No dia 13 de maio de 1888, Isabel (acho que não faz jus usar o título de
princesa), assinou a Lei Áurea, mas, não possibilitou nenhuma política
afirmativa para os escravos e seus descendentes. Diante dessa ineficácia do
Estado, nós (negros) ficamos a mercê de uma sociedade racista e excludente.
Criaram
o discurso da “democracia racial”, o que de fato não passa de um mito. Quem é
negro sofre na pele as conseqüências do racismo institucionalizado que impera
em nosso país. Institucionalizado?sim, pois a aversão aos negros ganhou
respaldo legal da ciência, da religião, da história, do Estado e, por seguinte
da cultura. Talvez estes sejam os reais motivos que reforçam a idéia de que o
negro é inferior, feio, incapaz, incompetente e todos outros adjetivos(ou
seriam defeitos) que nos atribuem.
Não posso deixar de citar
as revoltas que possibilitam a libertação deste povo.
“Zumbi, oh lindo, lindo,
Zumbi. Oh lindo, lindo”.
Não quero 13 de maio,
acredito na força do 20 de novembro. Não acenderei vela para Isabel, vou
lembrar a memória de Zumbi: Líder negro assassinado por lutar por direitos
humanos.
Quem é que sobe a ladeira
do curuzú? Eu sou negão, meu coração é a liberdade. Que bloco é esse? Eh!
Pérola negra, este som que quero ouvir ecoar pelos quatro cantos do mundo (ou
por todos, caso sejam mais de quatro cantos).
Steve Biko, Nzinga, Luther
King, Dandara, eu (Reinaldo Oliveira), vocês (negr@s), quem luta para conseguir
com a própria força de trabalho sobreviver nesta sociedade racista, estes sim
são os heróis de nossa história. Abaixo a Isabel, viva a Zumbi.