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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Crimes Oficiais

O que se espera de um bom jornalista? Que exerça muito bem a profissão de forma ética. Caco Barcellos faz jus à profissão e (RE) publica Rota 66: A história da Polícia que mata.

Ótima estrutura e narração perfeita. Rota 66: A história da Polícia que mata, é simplesmente uma das publicações que mais representa a luta por Direitos Humanos. Compreendo que não é correto elogiar e adjetivar, mas, dificilmente esta obra não será analisada desta forma por ser exata em suas palavras e respectivos lugares.

Um ponto que torna legitima a minha colocação é o fato do best-seller ter contemplado Caco com o seu primeiro Prêmio Jabuti (1992) na categoria não-ficção segundo viria mais tarde com Abusado em 2003.

A publicação da Editora Globo vem com a apresentação de Narciso Kalili, com data de 6de agosto de 1992, a qual diz: “Lendo o livro do Caco, me vem à lembrança um jornalista, Donald Wood, e o livro dele, Biko, escrito em homenagem ao líder estudantil negro Stephen Biko, torturado e morto pela polícia política da África do Sul. Aliás, o livro de Wood começa onde termina o livro do Caco - uma relação de pessoas torturadas, assassinadas, e versão oficial para justificar as mortes. Versões que variam pouco: tentativa de fuga, resistência a prisão, suicídio...” Ao ler isto já dá para perceber qual o rumo de Rota 66.

A obra é uma denúncia contra os “bandidos fardados” e a falta de punição dos mesmos. O próprio Caco explicita isso no último parágrafo do capítulo 8: O Pior do Passado: “A dificuldade em provar como os PMs agem quando matam pessoas pobres, suspeitas de serem criminosas, não consistia em novidade para mim em 75. A grande surpresa, nos meus primeiros dias de trabalho em São Paulo, foi encontrar barreiras semelhantes na apuração de um crime em que as vítimas eram ricas. Foi durante o trabalho no caso Rota 66 que eu descobri: mesmo que os mortos façam parte da elite econômica, a investigação sobre os assassinatos praticados por PMs é sempre um grande desafio”.

Este best-seller tem o mérito de ficar ao lado de grandes nomes do Jornalismo como, por exemplo, Gay Talese, Truman capote e Donald Wood. Caso detalhasse a escrita de Caco Barcellos levaria dias. No entanto, para começar a desvendar a Literatura de caco, nada melhor que perder-se (ou achar-se) em Rota 66: A história da Polícia que Mata, e Abusado: O Dono do Morro Santa Marta. Boa Leitura

Livro: Rota 66: A história da Polícia que Mata.

Autor: Caco Barcellos
274 páginas

Editora: Globo

Preço: entre R$ 32,00 e R$ 42,00

Avaliação: Excelente


Texto postado no dia 08 de fevereir de 2007 em meu antigo blog

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